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As Malditas!… – cap. 03

Nas guerras ou nas batalhas, a estratégia e a escolha das armas são fundamentais. Neste embate em particular, que se estende a milhões de guerreiras e guerreiros (sim, há homens que tem medo DELAS e os que fingem não ter), o arsenal inclui vassouras, rodos, sapatos em geral e o que mais tivermos à mão. Penso que os sapatos, incluídos aqui a categoria dos chinelos, são para as menos medrosas. A distância é curta. Com a vassoura a distância é maior, mas a piaçava complica porque ELA parece dar um jeito de se desviar das pontas ou se embrenhar. A gente levanta a vassoura e ELA sumiu. Está na vassoura. O lance é bater no chão (na parede não, porque ELA pode dar um salto para cima de nós, fingindo que foi jogada, despencar e voltar ao campo visual. Vassouradas e vassouradas. O rodo é para quem têm melhor mira. A base do rodo é estreita, há que se calcular bem o alvo e o lançamento. Na tensão da batalha, fazer cálculos não é fácil. Os estrategistas ficam distantes do front. O melhor mesmo é a lata de inseticida. Sinto que tenho nas mãos uma metralhadora que dispara sem trégua. Ao perceber que o inimigo perde as forças, aproximo a lata e o jato de veneno fica mais forte. ELA capota. Mais inseticida. Num ambiente aberto, posso disparar a lata toda. Num ambiente fechado, é preciso cuidado para não sermos duas com as patas para cima. No caso de se ter animais de estimação, num ambiente fechado a lata de inseticida é contraindicada porque os bichos não vão prender a respiração como eu prendo. Num ambiente aberto, depois da tacada mortal, água, sabão e desinfetante para limpar muito bem o local do extermínio.

Existem outras fórmulas mortais, misturas químicas, iscas para atraí-las pela gula. Umas caixinhas pretas com algo que as atrai no interior e, dali, Elas não saem. Uso vez em quando, mas não levo fé. Por que não saem da caixa? Porque é escuro lá dentro? Não enxergam a saída? Ora, Elas se exibem muito à vontade de noite. Não consta que enxerguem mal. E quem vai ver se funciona? Chacoalhar a caixa e arriscar uma aparição, além da ressurreição? Dizem os fabricantes que a validade é de três meses. Sabe o que eu acho? Acho que Elas sabem tudo isso.

– Não entrem nessas caixas!… – alerta a mãe aos filhotes empolgados com a cabaninha. – Dois tios e duas tias morreram por serem curiosos.

Três meses depois, está liberado.

– Podem ir, crianças. Divirtam-se…

Mais aterrorizante que a existência DELAS é que ELAS ESTÃO EVOLUINDO!!!!… Na mesma rapidez que a humanidade regride. Estão ficando espertas. Mais ou menos como os gatos, é possível que cheirem a oferta antes de comer, percebam o veneno e nos deem uma banana com as patas.

Feito o serviço, exterminado o inimigo, a presa deve ser vigiada até a desova final. Não raro, por se fazerem de mortas, nos segundos em que vamos buscar a pá de lixo, na volta ELA sumiu.

– Como pode? – a gente não acredita.

Pode. Como, não sei. Talvez pela mesma razão que, caso a humanidade não interrompa a estupidez, só ELAS vão sobreviver à bomba atômica. E reparem que estão se tornando boas de voo. Antes, voavam como helicópteros desgovernados. Atiravam-se de algum lugar alto sem plano de voo. Agora, saem voando do chão e fazem curvas! Pudessem ser adestradas, estariam a serviço da espionagem com micro câmeras. Talvez nem precisem de adestramento. Talvez uma boa conversa. Atendendo a uma convocação pela Internet. Têm antenas, podem captar o sinal do wi-fi

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