A história de Nuno, um gatinho português – capítulo II
Esta história é com “h”. São fatos.
Capítulo II
– Bom dia, moça. Já está de volta ou não foi pra casa? Continuamos só com o pão, quer?
Quis, a fome era muita. Comeu tudo e por ali ficou, do meu lado. A ligação já estava feita, o problema era o que fazer dali adiante. Eu estava de passagem por Portugal. Um dia voltava para o Brasil, como ficaria Ronilda? Fui resolver umas coisinhas na cidade mais próxima, uns cinco quilômetros de distância da aldeia. Claro que passei no mercado e comprei um saco grande de ração. Caso Ronilda tivesse abandonado a ideia de me acompanhar, não faltavam gatos na aldeia. Mas, ao chegar a casa, lá estava ela à minha espera.
– Hoje tem comida boa! – comuniquei toda alegre.
Coloquei uma porção generosa de ração num pote de plástico e levei para Ronilda que me esperava na varanda. Ela avançou na ração. A bichinha comeu vorazmente. E outros gatos chegaram. Na aldeia, as notícias correm.
– Êta!… Vocês são muitos!… Calma que tem pra todos.
Fui pegar mais ração. Voltei com outros potes cheios.
– Ah que agora eles não saem mais daqui! – alertou-me a prima que subia as escadas.
A prima
– Eu sei, mas não consigo ver os bichinhos com fome… São muitos gatos…
– Esses são ali do Zé. – ela apontou para os famintos a rodear Ronilda. – E olhe que não passam fome!… É a novidade da ração. De quem será esse gato, meu Deus? – minha prima focou na gatinha faminta. – Olhe, pode ser um gato abandonado, sabe? Com a crise, muita gente largou os animais. E também teve campanha política com fogos… Não sei se fugiu. Vai ficar com ele?
– Como? E quando eu voltar para o Brasil? Mas ela é muito carinhosa. Não sei se vou conseguir deixar a bichinha.
Depois de mais alguns dedos de prosa no café, despedi-me da prima, das funcionárias e clientes do café e entrei em casa.
A fachada da casa e o café à direita
Na aldeia ninguém fecha as portas, portanto, a porta da nossa casa ficou aberta. Subi para o meu quarto e quem encontrei na minha cama? Foi um show de gestos carinhosos como a pedir: cuida de mim?! Eis as primeiras fotos que tirei da, ainda, Ronilda.
Como ignorar tanta sedução?… Mas levar para o Brasil?!…